O mercado financeiro muda com uma velocidade impressionante. O que parecia uma decisão certeira há alguns anos pode perder totalmente o sentido hoje. E foi exatamente isso que vimos acontecer recentemente com o Nubank e o seu cartão de crédito mais exclusivo, o Ultravioleta.
Quem acompanha de perto esse universo deve lembrar de uma fala polêmica da Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank. Em um podcast, ela afirmou que as milhas deveriam ser “deletadas da vida” das pessoas. Pois bem… alguns anos depois, o próprio banco passou a oferecer justamente a possibilidade de acumular pontos que podem ser convertidos em milhas aéreas.
Sim, é isso mesmo: agora o Nubank Ultravioleta permite escolher entre 2,2 pontos por dólar gasto ou 1,25% de cashback. Uma guinada que muitos já consideram uma das maiores mudanças no mundo dos cartões de crédito dos últimos anos.
Por que o Nubank mudou de ideia?
A decisão de entrar no mercado de pontos e milhas não surgiu do nada. Existem vários fatores que ajudam a explicar esse movimento, e eu separei os principais.
1. O crescimento do mercado de milhas
Nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, muita gente começou a estudar e a se interessar pelo tema. As milhas deixaram de ser um “benefício obscuro” e passaram a fazer parte do planejamento financeiro de milhares de brasileiros.
- Segundo dados da Latam, em 2025 houve aumento de 30% no número de passagens emitidas com milhas, totalizando quase 2 milhões de bilhetes só nessa companhia.
- A ABEMF revelou que o setor de fidelidade superou 330 milhões de cadastros apenas no primeiro trimestre de 2025, movimentando R$ 5,8 bilhões em faturamento.
Números como esses deixam claro que não dava mais para o Nubank continuar de fora. Afinal, quem não acumula pontos em algum programa de fidelidade hoje em dia?
2. O potencial de lucro do programa
Oferecer pontos não é apenas uma questão de agradar o cliente. Para os bancos, é também uma forma de gerar receita.
Em 2023, a Livelo, uma das principais empresas do setor, registrou lucro líquido superior a R$ 1 bilhão. Ou seja, esse mercado é extremamente rentável.
Não seria surpresa se, no futuro, o Nubank também começasse a vender pontos diretamente aos clientes. Esse tipo de operação costuma ser lucrativo porque o custo de emissão de pontos é menor do que o valor que o cliente efetivamente paga por eles.
3. Pressão da concorrência
Outro fator decisivo é a concorrência. Bancos digitais e até fintechs menores já haviam aderido ao mundo das milhas há algum tempo.
- A XP, por exemplo, lançou seu programa próprio em 2024, permitindo transferências para a Livelo.
- Até o PicPay, que nem é tão grande nesse setor, já oferece cashback competitivo.
Enquanto isso, o Nubank seguia firme apenas no 1% de cashback com rendimento de 200% do CDI. Era bom, mas deixava de fora um público com maior potencial de gastos e interesse em benefícios premium.
4. Atrair clientes de alta renda
Os cartões de crédito são uma das principais portas de entrada para clientes de maior poder aquisitivo. E esse público, convenhamos, espera benefícios diferenciados: salas VIP, programas de pontos robustos, seguros completos, entre outros.
Até então, o Nubank oferecia apenas cashback e acesso a uma sala VIP em Guarulhos. Para quem viaja com frequência, isso era pouco competitivo frente aos Visa Infinite ou Mastercard Black dos grandes bancos.
Assim, ampliar os benefícios do Ultravioleta foi um passo necessário para manter e conquistar clientes que poderiam facilmente migrar para outras instituições.
A reação dos clientes
O Nubank justificou a mudança dizendo que pesquisas de mercado apontaram o desejo dos clientes em ter acesso tanto a cashback quanto a pontos. Dessa forma, a escolha ficou livre: cada pessoa pode decidir o que faz mais sentido para sua rotina.
No entanto, nem tudo agradou. Com as novidades, vieram também alguns ajustes menos populares:
- Fim do rendimento automático de 200% do CDI sobre o valor do cashback.
- Aumento da anuidade do Ultravioleta, que passou de R$ 588 para R$ 1.068 ao ano.
- Regras de isenção mais rígidas: gastos de pelo menos R$ 8 mil mensais na fatura ou R$ 50 mil em investimentos.
Para os clientes mais antigos, que estavam acostumados ao modelo original, essas mudanças foram vistas como uma perda. Mas é aquela história: não dá para agradar a todos.
Vale a pena acumular milhas no Nubank?
Essa é a pergunta que muita gente está fazendo. A resposta, como sempre, depende do perfil do cliente.
- Quem gosta de viagens e sabe como aproveitar promoções de milhas, provavelmente vai se beneficiar com a opção de 2,2 pontos por dólar.
- Já quem prefere simplicidade e liquidez imediata, talvez continue optando pelo cashback de 1,25%.
Na prática, o que importa é que agora o usuário tem liberdade de escolha, algo que antes não existia no Nubank.
Conclusão
O Nubank deu um passo importante ao finalmente abraçar o mercado de pontos e milhas. A mudança pode não ter agradado em todos os detalhes, mas mostra que o banco está disposto a disputar espaço com concorrentes fortes.
Se o Ultravioleta vai conquistar um lugar de destaque nas carteiras (e corações) dos clientes, só o tempo vai dizer. O que dá para afirmar é que o Nubank já não pode mais ser ignorado quando o assunto é cartão de crédito para acumular milhas.
Meta descrição: Nubank Ultravioleta agora acumula milhas! Entenda os motivos da mudança, os novos benefícios e se o cartão realmente vale a pena.
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