Cartão de crédito adicional: praticidade, abusos e o fim de uma era

O cartão de crédito adicional já faz parte da rotina dos brasileiros há bastante tempo. Não é nenhuma invenção recente, nem algo exclusivo de clientes de alta renda, apesar de ser muito comum nesse público. Na prática, ele surgiu como uma solução simples para organizar melhor os gastos de uma família ou de pessoas que dividem despesas no dia a dia.

Quase todos os bancos oferecem essa opção, desde os mais tradicionais até as fintechs. E, olhando de fora, parece uma ideia perfeita: mais controle, mais praticidade e menos dor de cabeça na hora de pagar as contas no fim do mês. Mas, como acontece com muita coisa no mundo financeiro, o uso acabou indo além do previsto.

O que é, afinal, um cartão de crédito adicional?

De forma bem direta, o cartão de crédito adicional é uma extensão do cartão principal. Ele pode ser emitido para alguém da sua confiança — marido, esposa, filhos, pais ou até aquela pessoa que vive resolvendo coisas pra você.

Na maioria dos casos, o cartão adicional:

  • Compartilha os mesmos benefícios do cartão principal
  • Usa o mesmo limite total ou um limite definido pelo titular
  • Aparece na mesma fatura, facilitando o controle

Alguns bancos permitem ajustar o limite individual de cada adicional, o que ajuda bastante quem quer evitar surpresas. Eu, particularmente, acho essa função essencial, mas nem todos usam do jeito certo.

Quando a coisa sai do controle

O problema começa quando o cartão de crédito adicional deixa de ser uma ferramenta familiar e vira quase um “produto paralelo”. Pode parecer exagero, mas existe sim um pequeno mercado informal disso, principalmente ligado ao acesso às salas VIP em aeroportos.

Funciona mais ou menos assim: pessoas que possuem cartões com acessos ilimitados às salas VIP emitem cartões adicionais para terceiros e cobram um valor mensal por isso. Não é algo anunciado oficialmente, claro, mas acontece há anos, e quem acompanha esse mercado sabe bem.

Pra diminuir o risco, o titular geralmente define um limite baixíssimo, tipo R$ 100,00. O foco não é gastar, mas sim entrar nas salas VIP, comer, beber e aproveitar o conforto antes do voo. E convenhamos, com aeroportos cada vez mais cheios, isso virou um baita atrativo.

Os cartões premium e o excesso de benefícios

Alguns cartões acabaram se tornando os queridinhos desse tipo de prática. Exemplos não faltam:

  • Santander Unlimited: permite até 7 cartões adicionais gratuitos
  • Bradesco Aeternum: libera 5 adicionais sem custo
  • Caixa DUX: oferece até 4 cartões adicionais

Tudo isso com acesso ilimitado às salas VIP. Ou seja, o custo pro banco começa a crescer rápido. E banco, como todo mundo sabe, não gosta de prejuízo nem um pouco.

Além do emissor, as bandeiras como Visa, Mastercard, American Express e Elo também entram nessa conta, já que são elas que bancam boa parte da estrutura desses benefícios.

Salas VIP lotadas e filas intermináveis

Quem já passou por Guarulhos (GRU) nos últimos meses sabe bem do que estou falando. As salas VIP vivem cheias, com filas na porta, mesmo após várias ampliações. Não adianta só aumentar o espaço quando o acesso continua praticamente irrestrito.

A própria Mastercard já se mexeu e passou a exigir gasto mínimo para acesso às suas salas VIP em GRU. Foi uma decisão que gerou reclamação, claro, mas era previsível.

A nova regra do jogo: gasto mínimo

A solução encontrada pelos bancos está sendo implementar critérios de média de gastos para liberar o acesso às salas VIP. Isso muda bastante o cenário, principalmente para quem usava o cartão adicional só como “chave de entrada”.

Alguns emissores que já adotaram restrições:

  • Banco de Brasília (BRB)
  • Banco Safra
  • XP Investimentos
  • Genial Investimentos
  • Rico Investimentos

Ainda não é um movimento 100% padronizado, até porque muitos bancos enfrentam limitações tecnológicas para controlar esses gastos em tempo real. Mas isso é questão de tempo, sinceramente.

O futuro do cartão de crédito adicional

O cartão de crédito adicional vai continuar existindo, sem dúvida. Ele ainda é extremamente útil para famílias e para quem busca organização financeira. O que vai acabar é o uso indiscriminado de benefícios premium sem contrapartida.

Na minha opinião, isso até ajuda a valorizar mais quem realmente usa o cartão como deveria. Não faz muito sentido alguém que quase não gasta ter o mesmo acesso de quem concentra despesas altas todo mês.

Dicas práticas para usar bem o cartão adicional

  • Defina limites individuais sempre que possível
  • Use aplicativos para acompanhar os gastos em tempo real
  • Evite emitir cartões adicionais sem real necessidade
  • Leia as regras de acesso às salas VIP com atenção

Se você quiser se aprofundar no tema, vale conferir outros conteúdos aqui no site sobre salas VIP, cartões premium e benefícios por gasto mínimo. Como referência externa, os próprios sites da Visa e Mastercard costumam trazer regras atualizadas sobre acesso às salas.

Conclusão: a farra tem data pra acabar

Não dá pra negar: a festa dos acessos ilimitados via cartão adicional está com os dias contados. Aos poucos, os bancos estão fechando o cerco, e quem se aproveitava dessas brechas vai sentir.

Agora, quero saber de você:
👉 Você já usou ou pensou em usar um cartão adicional só pelos benefícios?
👉 Concorda com as novas regras ou acha exagero?

Deixe seu comentário, compartilhe este conteúdo e continue acompanhando o site para mais análises sinceras sobre cartões de crédito e finanças do dia a dia.



Recomendamos