Se você já se viu em um aperto financeiro e não conseguiu pagar a fatura total do cartão de crédito, saiba que não está sozinho. Muitas pessoas acabam recorrendo ao crédito rotativo, mas será que realmente entendemos como ele funciona e quais são os impactos para o bolso? Com as novas regras que entraram em vigor em 2024, é ainda mais importante conhecer os detalhes dessa modalidade de crédito.
O crédito rotativo permite que o cliente pague apenas uma parte da fatura do cartão, financiando o restante para o próximo mês. Nesse processo, os bancos cobram juros e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Antes, essas taxas podiam ser absurdamente altas, chegando a mais de 430% ao ano, o que transformava dívidas pequenas em verdadeiras bolas de neve. Agora, com a nova regra, os juros do rotativo foram limitados a 100% ao ano, ou seja, o valor total da dívida com juros não pode ultrapassar o dobro do valor original.
Essa mudança trouxe mais segurança para os consumidores, mas ainda assim, muitas dúvidas surgem sobre como o crédito rotativo funciona na prática. Vamos destrinchar isso detalhadamente.
O que é crédito rotativo?
O crédito rotativo é uma forma de financiamento automático que entra em ação quando você paga apenas o valor mínimo da fatura do cartão de crédito, em vez de quitá-la integralmente.
Por exemplo, imagine que sua fatura seja de R$ 1.000 e você consegue pagar apenas R$ 300, que é o mínimo. O restante, R$ 700, automaticamente entra no rotativo, gerando juros e encargos no próximo mês. Até 2017, não havia limite de uso ou prazo, mas a Resolução 4.549/17 do Banco Central reduziu o período máximo de utilização para 30 dias, obrigando o pagamento total na fatura seguinte ou oferecendo alternativas de parcelamento.
Como funciona o rotativo do cartão de crédito?
Antes da mudança, cada banco determinava sua própria taxa de juros, que muitas vezes ultrapassava limites absurdos. Hoje, com a limitação de 100%, a dívida com juros não pode exceder o dobro do valor original.
Além disso, o crédito rotativo pode ser usado apenas uma vez por mês. Caso você não consiga pagar a fatura total no mês seguinte, o banco deve disponibilizar outra linha de crédito com condições mais favoráveis, garantindo que você não fique totalmente inadimplente.
Novas regras do crédito rotativo
A partir de 3 de janeiro de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu que os juros do rotativo não podem ultrapassar 100% do valor da dívida. Por exemplo:
- Dívida original: R$ 200
- Máximo com juros: R$ 400
O IOF, entretanto, não entra nesse cálculo. Essa mudança foi sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2023, visando reduzir o impacto das altas taxas sobre os consumidores.
Além disso, caso você não consiga pagar o valor total na próxima fatura, muitos bancos oferecem o Parcelamento de Fatura, com juros menores do que o rotativo tradicional. Essa é uma alternativa mais econômica para quem precisa de mais tempo para quitar a dívida.
Juros do crédito rotativo nos principais bancos
Antes da nova regra, as taxas de juros rotativo chegavam a níveis altíssimos. Para ter uma ideia, em dezembro de 2023, os bancos cobravam:
- Caixa Econômica Federal: 11,46% a.m. / 267,54% a.a.
- Nubank: 13,11% a.m. / 338,69% a.a.
- Banco Pan: 20% a.m. / 791,25% a.a.
Esses números mostram por que o crédito rotativo pode ser tão perigoso para o bolso se usado sem planejamento.
Riscos e desvantagens do crédito rotativo
Mesmo com a limitação de juros, o rotativo ainda é considerado uma alternativa cara e arriscada. Se você não pagar o saldo total no mês seguinte, os juros podem transformar um valor pequeno em uma dívida difícil de quitar. Por isso, é essencial avaliar outras opções de crédito, como empréstimos com juros menores, antes de recorrer ao rotativo.
Dicas para evitar o crédito rotativo
Evitar o rotativo exige disciplina financeira. Algumas estratégias simples podem fazer diferença:
- Não trate o cartão como dinheiro extra: lembre-se que ele é apenas uma forma de pagamento, e a fatura precisa ser quitada.
- Cuidado ao parcelar compras: parcelamentos comprometem seu orçamento e podem gerar imprevistos.
- Não empreste seu cartão: você é o responsável pelo pagamento, mesmo que outra pessoa use o cartão.
- Ajuste o limite do cartão: mantenha o limite compatível com sua renda, evitando gastos acima do possível.
- Controle seus gastos: utilize planilhas, apps ou cadernos para registrar entradas e saídas financeiras.
Como calcular o crédito rotativo
Calcular o rotativo ajuda a entender quanto você pagará no mês seguinte. Exemplo prático:
- Valor da fatura: R$ 1.500
- Pagamento efetuado: R$ 1.000
- Valor restante: R$ 500
- Juros rotativo (10% a.m.): R$ 500 × 0,1 = R$ 50
- IOF: R$ 1,9 (mensal) + R$ 1,23 (diário)
Total a pagar na próxima fatura: R$ 553,13
Assim, o valor do rotativo será R$ 53,13 além do que você deixou de pagar inicialmente.
Vale a pena usar o rotativo do cartão?
O crédito rotativo deve ser usado somente em situações emergenciais, pois os juros ainda são altos e podem prejudicar suas finanças. Se possível, busque alternativas de empréstimo com juros menores ou negocie o parcelamento da fatura com o banco.
Descrição
Não consegue pagar a fatura do cartão? Entenda a nova regra do crédito rotativo e como evitar juros altos no seu cartão de crédito.
Ao aplicar essas dicas e entender a nova regra, você terá mais controle sobre suas finanças e poderá usar o cartão de forma consciente. Para organizar melhor seus gastos, considere usar aplicativos de controle financeiro como o Mobills, que ajudam a acompanhar faturas, despesas e limites de forma prática.